Lacunas de UX no Clubhouse: seriam elas estratégicas?

Melissa Streck
3 min readFeb 19, 2021

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clubhouse at app store
Fonte: Arquivo pessoal

Clubhouse, rede social por áudio, cuja popularidade foi impulsionada no início de 2021 com a participação de famosos como Elon Musk, chegou causando entre seus novos e futuros usuários, dentre elogios e polêmicas. Ainda em uma versão beta e disponível somente para iOS, o app conecta usuários através de salas de conversa, como se fosse um podcast aberto. O usuário pode escolher os assuntos em de quais conversas quer participar, ou até criar as suas próprias, escolhendo se quer que seja pública ou privada.

O app caiu no gosto de seus usuários por ter pontos bastante positivos, mas também causou discussões entre designers e pesquisadores de experiência do usuário, por deixar lacunas, tanto nas funcionalidades como na própria interface do usuário, em aberto. O conceito de funcionar como um podcast aberto é assertivo, num momento em que ainda ecoam diversas transformações e antecipações digitais, impostas pela pandemia do covid-19, e que têm transformado as vidas de muitas pessoas e negócios. Muitas atividades que antes eram presenciais, como reuniões ou aulas, passaram a ser online e possibilitado através de apps de comunicação e conferências, criando novos usuários e comportamentos junto à experiências digitais. O Clubhouse chega como um app que promete muito disso em um único espaço.

Porém, recém lançado com uma versão beta, ele causa polêmicas com algumas lacunas de experiência que se mostram bem evidentes. Com isso, nas mais diferentes plataformas de conteúdo e redes sociais, foram abertas brechas para apresentar, de forma informal e voluntária, novos designs para UI, discutir funcionalidades e até possibilidades que possam ser interessantes com o app. A seguir, alguns tópicos que demonstram como essas lacunas de UX poderiam ser estratégias orquestradas para obter informações (= dados reais de usuários reais e de profissionais de UX) para futuras versões do app.

  • Do ponto de vista da experiência, a coisa toda parece começar com a questão da acessibilidade que, por uma falta de opções especialmente para pessoas com deficiência auditiva, exclui um número enorme de possíveis usuários. Muitas discussões a respeito em várias redes causaram está polêmica e até aversão ao app por muita gente.
  • O app tem uma (não) identidade visual curiosa. Não tem um logotipo, mas usa a foto de um usuário (famoso, evidentemente), de forma a atrair seu público. É algo que o diferencia de todos os outros apps e produtos digitais, mas que também deixa a porta aberta para ideias geniais de logotipos que podem ser criados de forma colaborativa.
  • Na UI do app, vários detalhes foram discutidos incansavelmente por designer de interface e experiência durante as primeiras semanas de uso, com direito a elaboração de novos designs. Estes vão de pontos positivos, que podem ser melhorados, a pontos que necessitariam de redesenho e até de criação - como no caso de novas features. Aqui deixo alguns exemplos do que eu melhorias que eu identifiquei: 1) o ícone do sino é confuso, pois em um momento indica notificação e em outro, seguir alguém; 2) em “Upcoming for you” faltam filtros pra encontrar conversas por data, idioma, interesse; 3) a identificação do speaker é visualmente muito discreta - em salas com muitos speakers fica até difícil saber quem está falando.

De tudo isso, uma coisa é certa: não faltam análises de profissionais de UX , informações sobre a experiência do usuário e dados concretos para o Clubhouse criar futuras versões muito melhores e otimizadas. Pelo sim ou pelo não, o “apelo” por um projeto de interface do usuário para futuras versões parece ter dado certo, visto a quantidade de discussões e ideias para possíveis versões da UI publicadas nas redes durante este período de lançamento.

Para quem ficou curioso com as discussões de UX do Clubhouse, basta buscar no Google que tem um mundo de coisas publicadas. E aqui, aqui e aqui, eu deixo algumas referências que me inspiraram a escrever este texto :)

Google results for the term chub house user experience
Fonte: printscreen da autora

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Melissa Streck

PhD / UX Educator / UI & Product Design / Research / UX 60+